calendário de actividades
19 de novembro de 2008
Aula de PNL - O comentário da Turma 9º B
16 de novembro de 2008
Obras na ESA
Apresentamos a relação de obras propostas para leitura no Plano Nacional de Leitura, existentes na nossa Biblioteca e, portanto, requisitáveis.
"Leandro, o Rei da Helíria" Vieira, Alice - 1 exemplar
"O mundo em que vivi " Losa, Lise - 1 exemplar
"A Odisseia de Homero " Barros, João de -1 exemplar
"Os Meus Amores" Coelho, Trindade – 1 exemplar
"Romeu e Julieta" Shakespeare, William -1 exemplar
"Águas de Verão" Vieira, Alice -1 exemplar
"Às dez a porta fecha" Vieira, Alice -2 exemplares
"Sexta-Feira ou a vida selvagem" Tournier, Michel -2 exemplares
"Peregrinação de Fernão Mendes Pinto – Aventuras extraordinárias de um português no Oriente " Ribeiro, Aquilino (Adap.) - 1 exemplar
"Auto da Barca do Inferno" Vicente, Gil - 1 exemplar
"O Velho que lia Romances de Amor" Sepúlveda, Luís -1 exemplar
15 de novembro de 2008
"A Lua de Joana", obra escrita por Maria Teresa Maia Gonzalez, conta a história de uma rapariga chamada Joana que perdeu a sua melhor amiga (Marta) que morrera de overdose.
Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser) porque Joana escreve cartas para uma amiga que já morreu.
Conta-lhe todos os acontecimentos do seu dia-a-dia. É interessante ver o desenrolar da vida desta personagem. Apesar de tudo, este livro mostra-nos a realidade dos dias de hoje: o grande flagelo que a droga é para todos - para a família, para os amigos e para a própria pessoa que comete esse erro.
Joana é também uma excelente aluna, reconhecida por todos e acarinhada pelos professores e amigos, mas a sua melhor amiga já não faz parte da escola, já não faz parte da sua turma. No decorrer desta história, Joana tenta agir com normalidade, apoiando-se sempre na sua avó, sendo esta a sua única conselheira.
Este livro alerta os pais desatentos: os de Joana, sentiam que ela era uma pessoa muito responsável; logo, pensavam que não tinham que se preocupar com ela. Não eram pais propriamente presentes: o seu pai, médico prestigiado, passava a vida fora em reuniões, visitas ao domicílio e raramente estava presente no seu dia-a-dia ou em casa; já a sua mãe era dona de um pronto-a-vestir, preocupadíssima com seu outro filho, irmão de Joana, cuja relação era um tanto ou quanto crítica - Joana chamava-o de Pré-histórico, pelos trajes e visual que habitualmente usava, pela decoração do quarto, que estava sempre num caos.
Há um pormenor que não poderá deixar de ser descrito: no meio do quarto de Joana, há uma lua suspensa do tecto por uma corrente, um baloiço imaginado e construído só para Joana - quando quer pensar, coloca o baloiço em posição de quarto crescente e quando está triste, roda-o para quarto minguante e ali se senta até que a tristeza lhe passe.
Não há muito mais a dizer, é um excelente livro, recomendado a todos os que queiram passar um bom bocado a ler!
Os excertos que se seguem serão declamados por Sérgio Prieto, um actor do ANIMATEATRO!
»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»
Querida Marta,
Demorei muito para me resolver, o que não era costume. Para dizer a verdade, não sabia o que fazer. Precisava de desabafar, tentar compreender tudo o que aconteceu e, como foste sempre a minha única confidente … Não fazia sentido escrever um diário, pois dava-me a sensação de estar a escrever para mim própria, o que acho um bocado estranho, o que acho um bocado estranho. Talvez seja ainda mais estranho escrever-te, mas é uma forma de manter viva a tua memória, pelo menos até entender o que se passou contigo; pelo menos até conseguir perdoar-te …
Faz hoje um mês que tu … Não sou ainda capaz de dizer a palavra. Se calhar, é porque não acredito que já não estás aqui comigo. É tão difícil de acreditar!
Como sabes, hoje fiz anos. São duas da manhã e estou demasiado excitada para dormir. Vou contar-te o que recebi. A minha mãe acedeu finalmente em redecorar o meu quarto – está tal e qual como eu queria! Todo branco (paredes, tapete, colcha, cortina) e até me mandou fazer o baloiço dos meus sonhos: é uma meia-lua de madeira (branca, claro) que está suspensa do tecto por uma corrente, mesmo no meio no quarto. É única no Mundo! Fui eu que a imaginei. Quando quero pensar, coloco-a em posição de quarto crescente e, quando estou triste, rodo-a para quarto minguante e sento-me até que a tristeza passe. O armário velho foi para o corredor, assim, fiquei com mais espaço para dançar, quando me apetece. Das “antiguidades” só ficou a escrivaninha, por causa daquelas gavetinhas todas que sempre me deram um jeitão para os segredos. Sei que acharias demais, mas também foi pintada de branco! À minha mãe tudo isto pareceu um bocado exótico, mas foi forçada a comparar as minhas notas com as do Pré-histórico (a quem comprou uma nova prancha de surf carérrima) e não teve outro remédio. Chamou-me caprichosa e não sei que mais. Não me importei.
A avó Ju deu-me uns brincos que usava quando era nova. Disse-me: “Com 14 anos já tens idade para umas perolazinhas…” Um amor, a minha avó.
O Homem do Cro-Magnon, como é costume, estava liso, portanto deve ter pedido uns trocos à mãe e deu-me um chocolate (sabendo perfeitamente que sou alérgica) e um cartão idiota com o desenho de um chimpanzé horrendo, que diz “’Tás a ficar velhota!”…
Realmente é triste ter um irmão assim, paciência.
Quanto ao meu pai, deu-me mais um relógio, imagina! Já tenho uma colecção disparatada (como diz a avó Ju), mas ele não se deve lembrar dos que me deu nos anos anteriores. Tem muito que fazer, como sempre … Provavelmente, mandou a Lisete comprar-me a prenda, é o mais certo. Ele só sai do consultório para operar, como é que podia ter tempo …
No que respeita à festa que a minha mãe queria fazer, proibi-a terminantemente e, para a convencer, tive de dizer que não havia direito de me estragarem o dia de anos. Sem ti, a festa não seria a mesma coisa, além disso, não tenho vontade de festejar coisa nenhuma. Fazer anos não é assim tão especial como isso, ainda se fossem quinze …
Estou a ficar com sono, finalmente. Preciso de dormir. Espero não sonhar outra vez contigo. É terrível!
Um beijo da
Joana
P.S. Esqueci-me de contar que a minha mãe, como não podia deixar de ser, resolveu trazer-me umas fatiotas lá da loja dela. Demasiado senhorecas para o meu gosto. Mas era de esperar …
…………………………………………………………………..
Foi a vez de ele ficar embatucado. Aproximou-se de mim, colocou a minha cara entre as suas mãos e disse, com uma voz que não lhe conhecia: "Desculpa, Joana, mas é tudo uma droga. Não há saída. Só os estúpidos e os ingénuos é que julgam que se pode ser feliz. Eu sei que é tudo uma treta. Tudo mentira. Tudo uma droga."
Depois, olhou-me como se me visse pela primeira vez, pôs as mãos à volta do meu pescoço, deu-me um beijo interminável e levou-me naquele abraço até à cama.
Não te digo mais nada, porque não quero lembrar-me do que aconteceu depois. Só te digo que, assim que cheguei a casa, me enfiei na casa de banho e voei até ao duche. Depois, quando me vi ai espelho, odiei-me como nunca. E tomei uma resolução : peguei na tesoura das unhas e cortei o cabelo. Cortei-o tão curto que quase não foi possível pentear-me.
Em seguida, voltei a olhar para o espelho e disse para mim mesma "A Joana já não mora aqui".
Até amanhã.